Pills For Insanity - Um modo de vida

Ola Terrestres!

Poderíamos começar a dizer "Ah então fiz um blog para me sentir um ser repleto de qualidades amadas pela sociedade hipócrita em que vivo, pelo que vou dizer aquilo que todos querem ouvir e tornar-me uma cópia de tu, ele, ela, eles, elas, nós e vós..."
Infelizmente, hoje em dia, o ser diferente não é sinónimo de ser fixe mas de ser "esquisito"...
Nós mandamos os preconceitos com o caralho e epa a sinceridade que aqui anda, tornou o nosso blog, uma comédia gratuita.
Então, acima de tudo é cagar pra geração morangos com açucar e pro "totil fixe esse teu look de calças a 100euros que rasgas de propósito para o ar cool"
Ser miserável rula, é ter calças rasgadas porque nos espalhamos ao comprido ou rotas porque não temos a naftalina no combate à traça. Ser miserável era o ontem, o não se pentear, o usar a primeira tshirt que aparece no chão ou em cima da cama (só convém dar uma cheirada para ver se o odor é tolerável e pros outros se aguentarem ao pé de nós). É ouvir aquela música, não porque tá na moda, mas porque é algo muito superior, muito real. É comer, beber, sujar-se, arrotar, ser fiel a si mesmo e não ser amigo dos ditos "indivíduos que são bue da cena" só para parecer cool. É sermos como somos e aceitarmos essas diferenças. É o ser único, nem que muito parvos mas acima de tudo, é gostar de ser diferente.
Just for the record!



"Who are you to wave your finger?
You musta been out of your head!
You musta been… so high!"





Ai essa juventude

A grande maioria das pessoas tem muito medo de chegar a velho mas eu com a honestidade que me é reconhecida não tenho medo nenhum. Pelo contrário, estou mortinho por chegar aos 60 e mal vejo alguém com estes anos todos dou por mim a suspirar alto “ Ai quem me dera ter a vossa idade!”. As pessoas com esta idade, pensam que eu estou a brincar – Não diga isso jovem! - Mas não estou, juro que falo a verdade. Houvesse alguém disposto a trocar de idade comigo e assevero que daria o meu fresquíssimo corpo de 22 por um outro de 66.
Daí que faça tudo para envelhecer rápido, durmo poucas horas, tenho uma alimentação desequilibrada e não raras vezes, só para ver se adoeço, meto-me à chuva na rua e provoco um deliberado choque térmico quando me abraço literalmente ao aquecedor lá de casa.
Nada.
Os anos não passam, olho para o espelho e não há forma de envelhecer, sinto-me cada vez mais novo e irrita-me profundamente quando me tratam por “ oh jovem!” quando era tão melhor que me tratassem com a deferência que tem um “ O senhor, não se importa?”.
Ninguém me trata por senhor e isso angustia-me. Ou me tratam pelo meu nome, por “ pista!” ou ainda “ Agarra que é ladrão!” mas nunca por senhor, nunca, mesmo que eu use a minha linguagem mais retro pensando erradamente que daí poderia advir uma maior respeitabilidade. Desenganem-se.
Ainda outro dia entrei numa pastelaria da Avenida de Roma e disse ao empregado: “ Olhe, apetecia-me um sorvete de cacau, se fizesse a fineza! e o empregado olhou para mim com tal despeito que me vi obrigado a abandonar o estaminé.
As pessoas já não percebem o romantismo que está inerente a um “ Dê-me por favor uma limonada!”, já ninguém alcança o poder imensurável de um “ Vamos beber uma gasosa! Daí que não seja de estranhar que mais do que ter filhos eu gostava era de ter netos pois sinto que nasci muito mais com vocação para ser avô do que para ser pai.
E muito mais para ser velho do que novo.
E mais depressa jogo um dominó do que o novíssimo Football Manager.
Mil vezes prefiro pedir uma ginjinha no Lux do que um vodka maçã. Gosto bem mais de ter um desconto na multiópticas do que usar o Cartão Jovem.
Prefiro ir um fim-de-semana em autopsiada ver o Convento de Mafra do que entregar-me à decadência das ruas de Amesterdão onde jamais me darão no final um serviço de louça completo. É mais digno bater palmas na assistência do programa “Praça da Alegria” do que na primeira fila do Royal Albert Hall. Antiquado? Eu? Tenham juízo. Às vezes, alguns amigos que durante muito tempo não me viram olham para mim e dizem “ Tu estás velho e acabado pá!” e mesmo eu sabendo que infelizmente não é verdade, é tanta a alegria que me transmitem ao dizê-lo que lhes pago imediatamente uma imperial.
De resto, não vejo a hora de começar a dizer a torto e a direito “ No meu tempo é que era bom!” como pronta resposta a qualquer episódio que me possam contar: “ olhe senhor Pedro, ontem a festa foi rija lá na baixa! E eu respondo sem pestanejar “ Não diga nada homem, tenha vergonha, no meu tempo é que era bom!
E se puder, prometo que tudo farei para utilizar autocarros em horas de ponta só para que, ao ver que ninguém se levanta para me dar lugar, poder dizer a plenos pulmões “ Esta Juventude! Esta Juventude!”

Escrito pelo grande senhor FERNANDO ALVIM.

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