Pills For Insanity - Um modo de vida

Ola Terrestres!

Poderíamos começar a dizer "Ah então fiz um blog para me sentir um ser repleto de qualidades amadas pela sociedade hipócrita em que vivo, pelo que vou dizer aquilo que todos querem ouvir e tornar-me uma cópia de tu, ele, ela, eles, elas, nós e vós..."
Infelizmente, hoje em dia, o ser diferente não é sinónimo de ser fixe mas de ser "esquisito"...
Nós mandamos os preconceitos com o caralho e epa a sinceridade que aqui anda, tornou o nosso blog, uma comédia gratuita.
Então, acima de tudo é cagar pra geração morangos com açucar e pro "totil fixe esse teu look de calças a 100euros que rasgas de propósito para o ar cool"
Ser miserável rula, é ter calças rasgadas porque nos espalhamos ao comprido ou rotas porque não temos a naftalina no combate à traça. Ser miserável era o ontem, o não se pentear, o usar a primeira tshirt que aparece no chão ou em cima da cama (só convém dar uma cheirada para ver se o odor é tolerável e pros outros se aguentarem ao pé de nós). É ouvir aquela música, não porque tá na moda, mas porque é algo muito superior, muito real. É comer, beber, sujar-se, arrotar, ser fiel a si mesmo e não ser amigo dos ditos "indivíduos que são bue da cena" só para parecer cool. É sermos como somos e aceitarmos essas diferenças. É o ser único, nem que muito parvos mas acima de tudo, é gostar de ser diferente.
Just for the record!



"Who are you to wave your finger?
You musta been out of your head!
You musta been… so high!"





Regresso à Escola Preparatória

Na semana passada cruzei-me com um amigo da Escola Preparatória durante uma viagem de comboio. Há duas coisas que me chateiam sobremaneira nas pessoas que se sentam à minha frente nos transportes públicos. A primeira é o facto de nem sempre ser uma gaja boa e logo a seguir (a close second) é ouvir alguém a escrever mensagens no telemóvel com o som das teclas activo. Faço um apelo à Mãe Natureza para ter mais atenção a este pormenor. A extinção é uma palavra por vezes menosprezada.
No entanto, e apesar de não ser uma gaja boa, a viagem com o meu amigo até foi agradável.

Nesse dia, por momentos, voltei aos tempos da primária e da preparatória, o que para além de nostálgico, mostrou-se revitalizante pelo facto de relembrar alguns amigos.
Nunca mais tivemos notícias de algumas personagens, como é o caso da Fátima Fanta. Já não me lembro se o apelido dela era da parte do pai ou da mãe. Do pai não devia ser, caso contrário o nome seria Fátima Super Bock. A Fátima Fanta não era muito feliz no desempenho escolar, para ela a capital de Portugal era Espanha e um exemplo dum animal com escamas era o morcego. A coisa mais positiva na rapariga era a grande disponibilidade que demonstrava para fazer de almofada no jogo “Aí vai aço”.

Lembro-me que na primeira celebração da Lição nº 100 todos levámos Ruffles, La Chispa de laranja (sumo célebre, mais barato que a própria água) e bolos Dan Cake. A Fátima surpreendeu tudo e todos quando abriu um tupperware com feijoada.

O pai da Fátima, Abel de seu nome, era lavrador de profissão e bêbado de vocação. Tinha uma mota com atrelado para transportar couves e costumava cair a um campo devido a uma recta muito perigosa. Talvez os 300 metros do alinhamento recto da estrada provocassem sonolência. A verdade é que os acidentes naquela zona ainda hoje são muito frequentes, não só pelo pai da Fátima como também por outros A.G. (Amigos do Garrafão). Uma vez um deles caiu a um campo de milho quando ia de bicicleta. O pormenor mais surreal é o facto de no momento da queda o homem levar a bicicleta à mão. Ao que se sabe a vítima do acidente havia trauteado horas antes no tasco da zona, que sabia falar Inglês em 3 línguas diferentes.

Outra das pessoas da qual perdemos o rasto foi o António Miguel. O Miguel era daquelas personagens cujo processo de evolução cognitiva tinha estagnado aos 5 anos. Na primária todos tínhamos um caderno de segredos onde colocávamos as respostas às perguntas mais pessoais que a professora fazia. Um dos temas propostos numa aula foi, “o que quero ser quando for grande”. O António Miguel, viciado na altura no Jurassic Park, escreveu:
“Quando for grande quero ser um Dinossauro ou então o rato Mickey. Se não conseguir ser nenhum gostava de ser astronauta.” Nunca mais ouvi falar do rapaz mas espero que tenha realizado um dos sonhos, até porque a ESA está a precisar de astronautas.
Uma das coisas que mais me traz saudades é mesmo a celebração da Lição nº 100. Lembro-me que no 5º ano festejamos a Lição nº 25 a Religião e Moral. Toda a gente tirava 5 àquela disciplina, até o Alexandre que insistia em assinar os testes como Jim Morrison. Uma vez o prof. de Moral teve a brilhante ideia de dizer que a masturbação era uma doença. A partir desse dia, em todas as aulas, fazíamos questão de dizer, com um sorriso malicioso na cara, que andávamos muito doentes.

Religião e Moral era uma disciplina cuja inscrição tinha como único pretexto fazer visitas de estudo. Lembro-me que numa dessas visitas fomos a Fátima e a fé revelou-se mal o Elói viu na cama de um dos pastorinhos um montão de moedas oferecidas por peregrinos. É óbvio que ele aproveitou logo para encher os bolsos do Kispo do fana. Esta peça de roupa adquiriu o célebre apelido “fana” devido ao enorme número de bolsos que continha, o que permitia ao Elói fanar grandes quantidades de material. Na paragem seguinte que fizemos, esvaziámos um dos bolsos do Kispo e comprámos uma revista pornográfica na estação de serviço. Meia hora depois já a prof. de Ciências tinha descoberto a revista, mas quem ficou com as culpas foi a outra turma, a do Abílio.

Na Escola Básica havia um clube de rádio do qual eu fazia parte. Nos intervalos das aulas aproveitávamos para fazer dedicatórias de músicas. Quem quisesse dedicar uma música à namorada ou à rapariga de quem gostasse, bastava pagar 20 escudos. Às vezes o preço subia para 35 dependendo da nossa fome. Os lanches custavam 35 e os pães com manteiga 20 paus. Lembro-me que o Abílio uma vez foi à cabine de som para dedicar uma música à rapariga de quem ele gostava. O Abílio tinha marcado o golo da vitória contra a nossa turma no torneio de futebol e a memória ainda estava bem viva. Quando lhe perguntámos que música é que ele queria dedicar ele respondeu com um simples, “metam qualquer coisa romântica…” Acho que nunca na vida me vou esquecer da cara dele quando depois de se ouvir no polivalente “a próxima música é dedicada à Joana com muito amor do Abílio” ao som da música La Cabra.

O nosso professor de Educação Visual era quem mais falava connosco sobre música. Numa das conversas em off-record ele confessou ter mandado a primeira pranchada numa gaja ao som da Riders on the storm dos Doors. A partir desse dia, sempre que o professor Feijão entrava no polivalente ouvia-se o ruído inicial da chuva e dos relâmpagos dessa música. Ao mesmo tempo, nós fazíamos com o braço o gesto universal que os putos usam para a palavra “foder” e gritávamos, “Oh setôr, riders on the storm!!” Acho que a imagem da cara dele naqueles momentos, era perfeita para colocar ao lado da palavra “arrependimento” no Dicionário Ilustrado da Porto Editora.

Por acaso o professor Feijão era grandioso, tirando o pormenor de lamber o indicador para virar a página dos livros. Por vezes até lambia o indicador da mão direita e virava a página com a mão esquerda. Estava a pensar fazer uma nova sondagem no blog e o referendo que vos coloco hoje é este:
Por que é que há gajos que lambem o dedo para virar a página do jornal?
(Update - Sondagem encerrada)
a) Porque pensam que é grande cena; 15%
b) Porque nasceram antes de 1975; 25%
c) Porque masturbaram a namorada horas antes. 60%

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