- Atenção -
Este artigos contém palavras que podem ferir os leitors, pelo que só deve continuar a ler se não teme o que pode ler. Somente para maiores de 18 anos.
Quanto tempo falta para um psicólogo vir à TV dizer que os putos hoje em dia, por não terem de suar para arranjar porno, saem com o desenvolvimento sexual prejudicado?
Foi a partir desta premissa que resolvi fazer este post. É urgente fazer-se uma análise acerca do quão árduo foi o percurso de todos nós, que nascemos no início da década de 80, para arranjar porno. Tudo começou nos calendários…
Quem não se lembra daqueles calendários de gajas nuas com as partes intimas censuradas por uma película sensível ao calor?
Quantas e quantas esfregadelas com o dedo no biquíni das gajas, para as mamas aparecerem perante os nossos olhos de crianças ingénuas. Havia também a técnica de usar saliva (na altura dizia-se cuspe) para passar nas cuecas da gaja e fazer aparecer, como por magia, o santo dos santos. Óbvio que quem chegasse à escola com calendários novos era automaticamente nomeado como intocável. Havia essencialmente duas maneiras para ser o maior da escola durante uma tarde: levar a bola de futebol ou então ter uma colecção nova de “calendários de pito” para mostrar.
A fase dos calendários geralmente era ultrapassada com a descoberta dos baralhos de cartas com imagens pornográficas. Lembro-me que o Nando tinha sempre um baralho desses na mochila.
O Nando era daqueles gajos que tinha imunidade absoluta na escola e gostava de nos pôr à prova com perguntas em forma de ultimato. "Preferias fazer um broche a um preto ou ir ao pito à tua irmã?! Tens que responder senão racho-te a cabeça.”
Toda a gente respeitava o Nando mesmo quando ele levava o mesmo fato de treino às riscas roxas, amarelas e verdes em tecido todo sintético, durante duas semanas para a escola. Nas aulas de Educação Física ele era um autêntico Clark Kent, tirava a roupa normal e por baixo já tinha calções e t-shirt. Mas o Nando era um gajo à maneira.
- Nando, podes emprestar-nos o baralho para jogarmos à sueca?
- Se as putas das cartas aparecem com cheiro a pissa nunca mais vos empresto nada!
O baralho das cartas por vezes era posto de parte quando algum génio aparecia na escola com uma boa nova: “Encontrei esta revista no sótão! Devia ser do meu pai!”
Revistas de foda… o que dizer? Ainda me lembro de uma vez cometer a loucura de enfiar no vitral da Igreja uma revista pornográfica com as páginas centrais abertas. O lado rebelde esteve sempre presente. Também já aqui contei a aventura de ter comprado uma revista porno durante uma visita de estudo. Belos tempos…
Nas visitas de estudo havia sempre alguém que levava uma cena que mais ninguém tinha. Lembro-me de um rapaz gabar-se do kispo de 30 contos que a mãe lhe tinha dado. "Querem ver por que é que custou tanto?" O gajo tira o kispo, vira-o do avesso e tinha outra cor. “Também posso usá-lo deste lado” dizia ele orgulhoso. Tudo valia para sermos o centro das atenções.
Fingíamos que éramos amigos do gajo com discman e sentávamo-nos ao lado dele para parecermos importantes.
- Arranja aí um phone man.
- Há um que não dá…
- Qual é?
- Vê o que não tem cera.
O gajo do discman era sempre aquele menino beto com quem o pessoal combinava ir jogar futebol e (por ser o único com uma consola em casa) dizia: "Opah não posso, os meus pais têm medo dos raptores." Geralmente também era o responsável pelo saco dos valores a Educação Física e nutria uma amizade estranha com a funcionária do PBX.
Mas voltando à epopeia pornográfica... Quem é que não se lembra de ver os “Donos da Bola” aos Sábados à noite e depois rezar para que o pai fosse dormir para ficarmos a ver “Afrodísia” ou mesmo o célebre “Água na boca”? Lembro-me que nessa altura eu já trabalhava para o meu 5 a Francês à pala das “5 noites 5 filmes – Noites eróticas” na Rtp2.
Depois do erotismo na televisão tinha que aparecer inevitavelmente a era das k7s de vídeo. Nesta matéria o Nando não tinha vida para o Rui Pinto. “E quem era o Rui Pinto?” perguntam vocês. O Rui era aquele gajo que tinha uma VHS pronta a gravar mamas quando aparecessem na TV assim do nada. Era só carregar no rec e lá tinha ele mais 30 segundos de mamas no arquivo.
Não o censuro, aliás quem é que nunca fodeu as cabeças do vídeo a tentar pausar no cruzar de pernas da Sharon Stone no “Instinto Fatal”? Até se faziam concursos para ver quem conseguia carregar no pause no momento exacto. Essa parte do filme já estava tão gasta que um amigo meu chegou a emendar a fita da k7 com fita-cola.
O Rui Pinto era o maior coleccionador de filmes pornográficos da escola. Tinha até uma lista dos filmes no bolso para eventuais trocas ou gravações. Era quase como que um chefe da Máfia e para falar com ele não era nada fácil. Um dia consegui chegar perto do Rui por intermédio do Alexandre e ele até foi simpático.
- Ouvi dizer que querias falar comigo…
- Sim, dizem que tens muitos filmes de pito.
- Pode-se dizer que sim. Quantos é que já viste?
- Uns 2 ou 3… queria era um com lésbicas, não podes emprestar?
E ouvia-se por trás durante a conversa, “Empresta-lhe o Triplas à moda do Porto!” ao que o Rui dizia “Não… ele ainda não está preparado para esse.”
- Moço vou emprestar-te o “Sandwiche Americana parte 3”, se não o devolveres três dias depois dou-te um enxerto de lenha.
E assim se fazia a vida. Um filme porno na altura fazia as delícias de toda a gente, até do Filipe que era deficiente mental. Consta que quando a mãe o chamava para jantar ele gritava “Já vou! Estou a acabar de tocar ao bicho!”
Enquanto o pessoal discutia se tinha sido golo ou não pelo facto do André conseguir saltar mais alto (quando não havia traves nas balizas) o Filipe Défe ia espancando o Alfredo e por momentos era feliz.
Ainda podia estender-me nesta retrospectiva. Podia falar-vos do dia em que o Sérgio minou o arroz de lulas do Pedro, com esperma que trazia escondido num frasco de amostra de perfume. Podia também contar-vos do dia em que o Ivo chorou por ter os dedos tão gordos que nem cabiam no push-pop ou da aula em que o Joaquim foi apanhado a bater uma.
Mas não vou alongar-me… se nasceram nos inícios da década de 80 de certeza que também suaram para arranjar porno e também têm histórias para contar. Enviávamos papéis com a pergunta “Queres namorar comigo? Sim, não, talvez” em vez de enviarmos um convite no hi5. Levávamos disketes para casa com 1.44 MB de imagens de foda em vez de enviarmos por Bluetooth fotos do fio dental da Andreia quando se debruçava para a frente na aula de Português.
Eu sim posso dizer, cresci sem redtube mas hoje sei dar valor às merdas!
1 comentário:
A triste realidade é, finalmente, compreender o porquê de teres uma mente perturbada...
A resposta é:
...
...
...
TOO MANY PORN!!!
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